Projetos de pesquisa
PROJETOS DESDE 1998 ATÉ 2013
O laboratório de Biomarcadores de Contaminação Aquática e Imunoquímica (LABCAI), participante do Grupo de pesquisa cadastrado no CNPq intitulado “Sistemas Bioquímicos e Moleculares de Defesa em Organismos Aquáticos” iniciou, em 1998, estudos sobre as respostas de alguns biomarcadores bioquímicos em mexilhões Perna perna frente a variáveis ambientais, tais como hipóxia (ALMEIDA et al., 2005), temperatura, sazonalidade, tipo de substrato, entre outros. Pouco tempo depois desenvolveu trabalhos in situ utilizando mexilhões transplantados para locais contaminados na Baía Norte da Ilha de Santa Catarina para avaliar os efeitos de poluentes sobre alguns biomarcadores nestes animais (BAINY et al., 2000). No ano de 2000 desenvolveu estudos de biomonitoramento das respostas bioquímicas e dos níveis de metais traços em ostras nativa Crassostrea rhizophorae cultivadas experimentalmente no complexo estuarino de Laguna, SC e um local de referência localizado na Ilha de Santa Catarina (LOPES, 2002). Neste trabalho foram observados níveis relativamente elevados de Zn, Cu e Mn nas ostras mantidas no complexo lagunar, fato este que serviu de alerta para a necessidade da realização de estudos periódicos para a liberação destas regiões para a prática da ostreicultura.
Em 2001 um estudo financiado pelo CNPq, Edital CTPetro 01, teve por objetivo analisar os efeitos da salinidade sobre a toxicidade do óleo diesel comercial em alguns biomarcadores bioquímicos de C. rhizophorae. Neste trabalho foi observado que a atividade da enzima biomarcadora glutationa S-transferase (GST), uma das principais enzimas de biotransformação de fase-II de xenobióticos, apresentou uma resposta dose-dependente em relação a concentração de óleo diesel na água, apenas na salinidade de 25‰ (SILVA et al., 2005).
Desde meados de 2003 até o presente momento, o LABCAI tem atuado em outros projetos que visam a compreensão das respostas bioquímicas e moleculares quanto à poluição por esgoto sanitário. Nesta linha de pesquisa, o projeto financiado com recursos aprovados junto ao edital Universal do CNPq teve como objetivo a identificação de genes transcritos diferencialmente na brânquia de C. rhizophorae expostas em laboratório ao esgoto doméstico. O projeto (CTHidro-2006) identificou alguns genes expressos diferencialmente em ostras mantidas no ambiente natural em regiões que sabidamente recebem o impacto antrópico do esgoto doméstico nas regiões peri-urbanas do município de São José, SC (Grande Florianópolis) (MEDEIROS et al., 2008a, 2008b; ZANETTE et al., 2008, TOLEDO-SILVA et al., 2008). O coordenador deste projeto também coordenou outro projeto vinculado ao CTPetro intitulado “Identificação de novos biomarcadores de exposição e efeito a frações do óleo diesel na ostra do mangue, Crassostrea rhizophorae, e no peixe barrigudinho, Poecilia vivipara”. Foram publicados alguns trabalhos que mostraram os efeitos da fração acomodada em óleo diesel sobre estas espécies (MATTOS et al., 2010; LUCHMANN et al., 2011; 2012).
Atualmente o proponente deste projeto é vice-coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia-Toxicologia Aquática e está responsável pelo desenvolvimento de estudos de transcrição gênica em espécies aquáticas nativas (Crassostrea brasiliana, Poecilia vivipara e Prochilodus lineatus) que estão sendo propostas como organismos sentinela nos ecossistemas brasileiros.
Encontra-se em andamento em seu último ano de execução um projeto aprovado pelo Edital Universal 2010 que trata sobre a clonagem, identificação e análise da transcrição de genes que codificam isoformas de citocromo P450 em ostras Crassostrea gigas visando a identificação de potenciais novos biomarcadores de contaminação ambiental. Os resultados que estão sendo obtidos tem sido muito promissores, uma vez que a transcrição de pelo menos 3 genes que codificam diferentes isoformas de citocromo P450 foram induzidas em animais mantidos em locais contaminados pelo lançamento de efluentes de esgoto sanitário.
Assim, há cerca de 9 anos nosso grupo de pesquisa vem trabalhando com organismos expostos in situ a efluentes de esgoto sanitário e muitos resultados interessantes foram obtidos, mas como estes efluentes são misturas complexas de contaminantes de diferentes níveis de toxicidade, surgiu a pergunta de quais compostos seriam os principais responsáveis pelas respostas biológicas observadas.